segunda-feira, 26 de setembro de 2011

180º

Enquanto o final do dia se aproximava e eu tentava desesperadamente concluir um artigo, ouvi pela janela da redacção uns gritos vindos da rua. Bem, não eram bem gritos mas sim um entoar de marchas de incentivo ou algo que se pareça minimamente com isso. Enquanto uma colega minha imediatamente perguntou "Mas quê? Hoje há bola?" (podia facilmente responder-lhe que não, o glorioso só joga amanhã), outra das minhas colegas apresou-se a responder "Não, são praxes!". E clic! Praxes... Durante uma mão cheia de anos que o final do mês de setembro/inicio do outubro era sinónimo de praxes, diversão, convívio com os amigos e por ai em diante. Lembro-me de os meus pais nem entenderem muito bem o porquê de eu ficar tão feliz quando as férias de verão terminavam e as aulas da faculdade começavam. Isto, claro está, até se aperceberem que eu conseguia chegar mais cedo a casa em alguns dias de férias do que nas semanas das praxes, mega festa, festa do caloiro e por ai em diante.. Confesso que por razões pessoais ainda tenho uma maior nostalgia por esta época. Conheci muita gente, ri muito, chorei como choramos todos por parvoice quando bebemos demais da conta, dançei, brinquei e até me apaixonei...Diverti-me muito no meu ano de caloira, no ano seguinte ainda me diverti mais quando fiz parte da organização, e nos anos seguintes olhei sempre para estes dias como tardes e noites de boa disposição. Nunca fui muito de praxar, aliás não tenho nada contra brincadeiras mas não posso deixar de dizer que, infelizmente para mim, vi a minha faculdade tornar-se muito mais vulgar no que toca às praxes à medida que os anos passavam. E claro está, não sei quantas vezes disse a frase cliché "Isto no meu tempo não era assim!". Não me interpretem mal, já o ano passado acho que não passei pela faculdade por esta altura, mas o sentimento era muito diferente - eu não QUERIA ir, eram águas passadas, já não conhecia quase ninguém do meu tempo. Este ano é diferente - eu não POSSO ir. Não que o queira, estou muito feliz como a jornalista de 23 anos que sou, com o meu trabalho a tempo inteiro e com a minha vida bem mais calminha. Mas uma coisa não posso negar - ao ouvir estes gritos vindos da rua, toda esta diversão de quem está a começar uma das melhores fases da vida, não consigo deixar de sentir um friozinho na barriga, questionar-me como tudo passou tão depressa e desejar como nunca que alguém me pinte a cara com batom...

C. 
 

2 comentários:

  1. Sinto o mesmo. Passou TÃO rápido. E adoro o meu trabalho, mas tenho uma inveja miudinha dos que estão agora a passar por essa fase tão gira. Dos que faltam às aulas para ficar a conviver, dos que podem ir para as festas universitárias à 5ª feira, dos que ainda não sentem o peso da responsabilidade.

    ResponderEliminar
  2. Sendo assim, já somos 3! Que nostalgia!!!! Até eu que era sempre a apressada a sair pq tinha mil e um treinos e mil e uma coisas para fazer estou com saudades...

    ResponderEliminar