domingo, 13 de novembro de 2011

Hello Switzerland

Em meados de Outubro fui em reportagem para a Suiça.

Cansativo, trabalhoso, stressante...mas tão giro. Chegámos lá de noite e tínhamos à nossa espera um senhor com uma plaquinha com os nossos nomes...daquelas coisas que eu via em filmes, mas nunca tinha vivido. Levou-nos até ao destino, a uma hora de distância. Imaginem depois de um dia de trabalho, horas à espera no aeroporto porque o voo atrasou, ainda ter que fazer uma viagenzinha de carro. Nem dormir consegui porque eles iam os dois, o motorista e o meu reporter de imagem, a falar alegremente de tudo e mais alguma coisa. Chegámos ao hotel, 5 estrelas, no cimo de um vale lindíssimo, o quarto digno de uma revista de decoração...toda eu me sentia uma princesa, mas estava tão cansada que caí na cama. No dia seguinte, toca a levantar às 7h da manhã para um pequeno-almoço de trabalho!!!! (só queria comer descansada....)
Vale de Wollerau (perto de Zurique)

O dia foi todo passado na fábrica e escritórios da empresa, uma marca de joias, muito conhecida na Suiça. Sempre gostei de ir a fábricas, aos sítios onde é feita a produção. Adoro ver todos os passos pelos quais os produtos têm que passar até chegar ao destino final. Já fui a várias fábricas, mas uma de joias é diferente...tem outro encanto. Para começar é mais limpinha que qualquer outra que seja de comida... E depois é um sítio com magia, com classe... Com etapas muito pormenorizadas, com um trabalho feito à mão muito minucioso e perfeitinho. A parte do design, dos desenhos nos próprios anéis, de cravar os diamantes, do polimento... Adorei. E adorei conhecer a filosofia de uma empresa, em que os patrões almoçam à mesa com os empregados, em que todos se tratam pelo nome, em que há um sorriso na cara de toda a gente, um ambiente de trabalho invejável que se sente mesmo só estando lá um dia. Tudo sob um edificio auto-sustentável, que absorve o calor no verão para usar no inverno e vice-versa, e que não gasta dinheiro e recursos em óleo ou electricidade ou ar condicionado. Acho espectacular.

No dia seguinte visitámos outra cidade, Luzern, para ir filmar a loja da marca. Uma cidade romântica. Muito suíça. Muito típica. Estivemos menos tempo do que eu gostaria, porque tínhamos que voltar para Portugal nesse dia. (mais uma horas de atraso no voo para ajudar)


Trouxemos chocolates suíços para casa (ainda acabei com uns lá) e posso por mais um país na minha lista de viagens. Não conheci tanto como gostaria, mas deu para conhecer um bocadinho.

Agora, já estou à espera da próxima viagem.

SB

sábado, 12 de novembro de 2011

“Sem subsídios?!”. Sobrevive-se

Hoje não vou falar de nenhuma experiência profissional, não vou contar nenhuma história sobre uma entrevista ou reportagem que tenha feito, não vou falar do bem que me sabe ter esta profissão e da sorte que tenho em fazer aquilo que sempre escolhi.
São tudo verdades, mas hoje apetece-me falar para aqueles que choram os subsídios de Natal e de Férias que vão perder como consequência das medidas orçamentais impostas pelo novo Governo.
Primeiro que tudo, quero deixar bem claro que as próximas linhas que escrevo não têm absolutamente nenhuma tónica partidária.
Bem, não se fala de outra coisa no último mês. Apesar das duras medidas de austeridade que nós vamos ter de enfrentar nos próximos anos – e quando digo “nós”, refiro-me mesmo a nós jovens, que iniciam agora carreira, que ambicionam uma vida independente fora da alçada dos pais e os mais afetados no meio deste caos todo – as palavras de maior revolta vão dos que perderam os subsídios de Férias e de Natal.
Lá vão estes contratados a ganhar mais de mil euros ficar sem o ordenado extra que lhes permite gastar 600 euros em presentes de Natal ou ter de deixar de ir para o Algarve 3 semanas e ficar só uma.
Trabalho há dois anos a recibos verdes. Subsídio de Natal? Nunca tive. Subsídio de Férias? Tão pouco.
Estive mais de um ano a ganhar à peça. Admito que não ganhava mal mas, em agosto, à falta de trabalho, juntava-se a falta de dinheiro. Não só não tinha subsídio de Natal como nem sequer ganhava ordenado nesse mês e… sobrevivi, à custa de viver em casa dos meus pais e de não ter contas para pagar e de sempre me ter preocupado em juntar algum dinheiro que me permitia pôr gasolina no carro e poder jantar fora com amigos algumas vezes.
Hoje estou com outro vínculo, mas contínuo sem conhecer os tais tão valiosos subsídios.
Sou uma das que pertence, não à geração “à rasca” - tenho conseguido “desenrrascar-me” e acho que há quem esteja bem mais “à rasca” que eu – mas à geração “precária”.
Compreendo que estejam muito revoltados com esta medida [digo-o sem ponta ironia], mas se tivessem um ordenado mais baixo, como eu, sem vínculo de segurança ao local de trabalho e a poder ser despedida assim que aos superiores lhes der na veneta, como eu, a ver o salário diminuir por ter de pagar Segurança Social, IVA e descontar IRS, como eu, talvez pensassem que não vale a pena chorar.
Não tenho filhos, colégios para pagar, prestação de casa ou carro, é verdade, mas por este andar, com os bloqueios de futuro que aparecem sem mais nem porquês, também não hei-de ter tão cedo. Afeta a uns de uma forma, a outros de outra. É a vida.
No fundo, quero com tudo isto dizer que até compreendo que esse bónus de dezembro e de agosto vos dê muito jeito e seja muito bom, mas, acreditem, sei do que falo, sobrevive-se sem ele.

MDM