quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Adoro a sensação

De uma peça acabadinha de escrever. Quando pomos o ponto final. Quando respiramos de alívio por estar terminada, escrita, editada e prontinha para seguir para a sala de edição de imagem. Fresquinha, fresquinha.
É alívio porque há prazos, há editores, há horas, há pressões.
Mas é também uma sensação de dever cumprido (e sempre com um bocadinho de orgulho à mistura).


E agora vou dar-lhe vida, cor e som. Uma noite divertida, portanto.


SB

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

180º

Enquanto o final do dia se aproximava e eu tentava desesperadamente concluir um artigo, ouvi pela janela da redacção uns gritos vindos da rua. Bem, não eram bem gritos mas sim um entoar de marchas de incentivo ou algo que se pareça minimamente com isso. Enquanto uma colega minha imediatamente perguntou "Mas quê? Hoje há bola?" (podia facilmente responder-lhe que não, o glorioso só joga amanhã), outra das minhas colegas apresou-se a responder "Não, são praxes!". E clic! Praxes... Durante uma mão cheia de anos que o final do mês de setembro/inicio do outubro era sinónimo de praxes, diversão, convívio com os amigos e por ai em diante. Lembro-me de os meus pais nem entenderem muito bem o porquê de eu ficar tão feliz quando as férias de verão terminavam e as aulas da faculdade começavam. Isto, claro está, até se aperceberem que eu conseguia chegar mais cedo a casa em alguns dias de férias do que nas semanas das praxes, mega festa, festa do caloiro e por ai em diante.. Confesso que por razões pessoais ainda tenho uma maior nostalgia por esta época. Conheci muita gente, ri muito, chorei como choramos todos por parvoice quando bebemos demais da conta, dançei, brinquei e até me apaixonei...Diverti-me muito no meu ano de caloira, no ano seguinte ainda me diverti mais quando fiz parte da organização, e nos anos seguintes olhei sempre para estes dias como tardes e noites de boa disposição. Nunca fui muito de praxar, aliás não tenho nada contra brincadeiras mas não posso deixar de dizer que, infelizmente para mim, vi a minha faculdade tornar-se muito mais vulgar no que toca às praxes à medida que os anos passavam. E claro está, não sei quantas vezes disse a frase cliché "Isto no meu tempo não era assim!". Não me interpretem mal, já o ano passado acho que não passei pela faculdade por esta altura, mas o sentimento era muito diferente - eu não QUERIA ir, eram águas passadas, já não conhecia quase ninguém do meu tempo. Este ano é diferente - eu não POSSO ir. Não que o queira, estou muito feliz como a jornalista de 23 anos que sou, com o meu trabalho a tempo inteiro e com a minha vida bem mais calminha. Mas uma coisa não posso negar - ao ouvir estes gritos vindos da rua, toda esta diversão de quem está a começar uma das melhores fases da vida, não consigo deixar de sentir um friozinho na barriga, questionar-me como tudo passou tão depressa e desejar como nunca que alguém me pinte a cara com batom...

C. 
 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

E quando...

...há entrevistas ainda mal nasceu o dia?

É o drama, o horror, o sofrimento! Mas o entrevistado não pode mais tarde, tem mesmo que ser a essa hora, nós não podemos no dia seguinte... Pronto, fica marcado para as 8h. Como não moro, nem trabalho no centro de Lisboa, o Parque Eduardo VII traz ainda mais drama à história, porque todos sabemos como é o trânsito matinal em todos os acessos à capital. Chegámos, 15 minutos atrasados, mas chegámos. A entrevista correu bem, sem interrupções, enganos, demoras ou chatices.

Dizem que acordar cedo faz render mais o dia. E faz, sim senhor. E eu acordo cedo. Mas ainda é Verão e acordar quando ainda é de noite lá fora, faz-me espécie...o que é que se há de fazer?


Compensou ir tomar o pequeno-almoço ao Careca, um dos cafés mais conhecidos de Lisboa, com os melhores croissants do mundo.


SB

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Acordo Ortográfico - parte II

Podem não gostar do que vou dizer e eu própria também não acreditava que algum dia estas palavras saíssem da minha boca mas o acordo não é assim tão mau. Se há erros? Sim, muitos! Se há coisas que não fazem sentido nenhum? Também. Mas há outras a que tive que me render. Por mais que ótimo escrito desta forma não me faça sentido, hoje em dia acredito que faz sentido aproximar a grafia à fonética para que os miúdos que, verdade seja dita, estão cada vez mais burrinhos, não tenham as mesmas dificuldades que nós tivemos em aprender palavras. Se me dá raiva? Muita! Podiam-nos ter poupado alguns anos de sofrimento, mas é a vida! Mas lá que o acordo tem coisas estranhas lá isso tem...


O que me faz mais caso é o facto do cor-de-rosa levar os hífens e todas as outras cores não. Digam-me senhores o que é que o cor-de-rosa é a mais que o cor-de-laranja (ou cor de laranja) e o cor-de-vinho e o amarelo-mostarda e o verde-garrafa??? Sinceramente!!!


P.S.

September Issue

Para quem trabalha em moda sabe que o mês de Setembro é mesmo o mais complicado: são as novas tendências, são as vindas das férias com todo o gás, preparação para a ModaLisboa e Portugal Fashion and so on...


E por isso este mês não podia andar mais amalucada da minha cabeça! Hoje fui a uma apresentação da Forté Pharma: Hotel Altis Belém, com pequeno almoço (já não comia tão bem de manhã desde que tinha 4 meses). Mostraram dois novos produtos, um para cortar as calorias e outro para dar energia. Eu que normalmente iria agarrar-me com todas as forças ao das calorias (sim, estou sempre a precisar de tirar um bocadinho de barriga ou qualquer outra coisa), atirei-me ao da energia agora mesmo. Eles chamam aquilo um shot enérgico e eu depois do almoço achei que era mesmo isso que tinha de fazer, tendo em conta que estou quase a babar pra cima do pc de tanto sono que tenho.
Eu acho que precisava era de um shot enérgico no trabalho! Será que está na altura de mudar de vida? Tenho-me questionado muito nos últimos tempos!!!


Será que o melhor é a estabilidade ou a aventura? Começo a achar que se opto pelo caminho da estabilidade vou andar a shot's de energia da Forté Pharma todos os dias, quando antes essa energia simplesmente vinha de mim mesma!!!!


Será que isto é apenas uma fase? Será o stress do mês de Setembro? Será uma insatisfação que nos é intrínseca? Ando baralhada entre duas músicas do grande António Variações que acho que definem um pouco a minha indecisão do momento!


'Estou além' ou 'Muda de vida'!


Será que sonhar mais alto é bom ou acaba por atrapalhar?!



P.S.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Podiam ter dito...

...quão chato é transcrever entrevistas.

Não há semana que não o faça VÁRIAS vezes. É muito giro fazer entrevistas, é sim senhor. É muito giro depois ouvi-las com atenção e escolher as partes mais interessantes para irem para o ar, é sim senhor. Mas entre uma coisa e outra temos que transcrever o que os senhores e as senhoras dizem. Porque temos. Porque ajuda quando estivermos a escrever o texto. Porque é regra. Porque facilita. Porque tem que ser.

Ora, se há umas de 10 minutos em que a pessoa fala bem e diz coisas interessantes e não custa nada... Há outras gigantes, chatas, monocórdicas e enfadonhas. E com pessoas que se engasgam. E que se enganam muitas vezes. E que dão facadas na língua portuguesa. E, valha-me Deus, mais 56 coisas que não vou estar agora aqui a enumerar.

Nunca me disseram que era chato transcrever entrevistas. É daquelas coisas que ninguém dá importância e  é, de facto, uma coisa insignificante. Mas aborrece-me, que é que posso fazer? Principalmente se nem forem minhas...mas todos nós já tivemos que engolir sapos desses, não é verdade?


Boa semana,

SB

sábado, 17 de setembro de 2011

Hoje li a frase...

..."Gosto de escrever porque me dá liberdade."


E é exactamente isso que eu sinto. Mesmo que tenha um tema previamente estabelecido. Mesmo que tenha factos que obrigatoriamente têm que ser transmitidos. Escrever dá-me liberdade. Faz-me ficar mais leve. Faz-me pensar, viajar por todo o meu vocabulário mental, faz-me ser criativa...


Para mim escrever é uma terapia. Por isso acho que tenho o melhor trabalho do mundo. Escrevo. Conto histórias. E pagam-me por isso.


Bom fim de semana,
SB

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Conversas de rua

Hoje ouvi uma conversa entre duas senhoras de idade, na rua, que não posso deixar de partilhar.
Então era assim:

Velha 1: Ai ontem estava uma Lua tão bonita...estava enoooorme...
Velha 2: Então e você não sabe porque é que a Lua estava assim?
Velha 1: Eu não...
Velha 2: Não aprendeu na escola??
Velha 1: Não...

(neste momento eu estava muito atenta, com os ouvidinhos postos na conversa, à espera de uma tese científica sobre o porquê de a Lua estar muito grande...)

Velha 2: Porque era Lua cheia!!!  (olha, boa...)
Velha 1: Ah isso eu aprendi...também há a lua crescente e mais umas...
Velha 2: Pois...mas você sabe porque é que há a Lua cheia?
Velha 1: Não, isso já não sei... Tem a ver com o calor ou o vento, não é??
Velha 2: Oh...Não falo mais consigo!!

E foi isto.


Como jornalista sinto que, mais que uma vontade, há uma obrigação de informar e ensinar. Mas como naquele momento, ali no meio da rua, eu era só mais uma miúda com sono, à espera do autocarro, decidi não interferir, continuar calada e rir-me sozinha com os disparates.


SB

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

"Chernobyl"

Foi a 26 de abril de 1986 quando uma explosão no quarto reator da Central de Chernobyl, na antiga república soviética da Ucrânia provocou o maior acidente nuclear da História. A explosão provocou fugas de radioatividade para a atmosfera, cujos efeitos ainda hoje se fazem sentir.
Pouco sei sobre este acontecimento, mas não esqueço fotografias que vi de pessoas monstruosas [desculpem alguma crueldade no termo mas não encontro outro adjetivo] e o olhar inocente das crianças com quem falei recentemente numa reportagem.
São “vítimas de Chernobyl”, ucranianas, que vieram a Portugal passar um mês de férias com famílias de acolhimento portuguesas. É um programa que existe há 3 anos.
A Lusa mandou-me ao Jardim Zoológico passar a tarde com elas, no dia da despedida, do regresso a casa, feliz para uns (as famílias que veem chegar), triste para outros (as famílias que veem partir).
Estavam traçadas as linhas para escrever uma reportagem de emoções.
Primeiro, é de louvar haver famílias que, voluntariamente, recebem estas crianças e ouvir dizê-las “são como filhos”.
Segundo, ouvir as próprias crianças contarem o modo como vivem na Ucrânia, os hábitos tão diferentes dos nossos.
Acompanhei duas famílias, uma que “adotou” Alex e outra que ficou com Viktoria.
Ele era uma criança desinibida, notava-se o à-vontade que tinha com os pais portugueses e a confiança já conquistada, ainda que a comunicação entre eles fosse apenas por gestos.
A “mãe” dizia que ele tinha poucos hábitos de higiene: não lavava os dentes, comia peixe com as mãos, levantava-se da mesa enquanto o jantar ainda não tinha terminado. Eram atitudes normais na sua casa na Ucrânia.
Na outra família estava inserida Viktoria, uma menina loirinha, olho azul, com manchas de pele visíveis no braço, consequência de Chernobyl, com cara fechada e sobrancelhas quase sempre franzidas que denunciavam alguma revolta.
Lá, a mãe é alcoólica, o pai e o tio morreram no ano passado, os irmãos mais velhos não se preocupam com nada e é ela que tem de cuidar da casa, da horta e da irmã bebé. Com enorme gosto pela escola, as obrigações domésticas impedem esta menina de 8anos de estudar.
Esta foi a história que mais me comoveu. Contada por um “pai”, o português, cujos olhos brilhavam quando falava dela e que disse querer adoptá-la definitivamente.
Disse que era a filha que não teve, que a amava, que queria educá-la e dar-lhe a vida feliz que não tem.
Já tinha ido à Ucrânia tentar trazê-la para Portugal, sem sucesso. Prometeu que este ano voltaria para que ela viesse passar o Natal.
Chorou quando se despediram.
Enfim, tudo isto para dizer que há trabalhos e histórias que marcam.
Não bastava serem crianças, como tinham também de carregar uma história de vida incapaz de deixar indiferente.
Se há trabalhos que são um frete e que não me dão inspiração para escrever sequer uma linha, pois este encheu-me, ou melhor, preencheu-me.
Foram 4 horas de reportagem no Jardim Zoológico, numa tarde de domingo de Agosto, um calor insuportável, andar o tempo todo com o tripé da câmara de filmar às costas, tinha entrado as 11:00 e saí às 22:00.
Em qualquer outra situação isto era capaz de me enfurecer com infindáveis palavrões, mas ali, naquele dia, com aquelas crianças, aqueles pais de coração, aquelas histórias, as lágrimas e os sorrisos, fiquei…assim.
A todos os que ambicionam esta profissão e não sabem dizer a razão, pois bem, poder "viver" e contar histórias destas, é a minha.

O vídeo que editei e texto que escrevi:
http://videos.sapo.cv/78sOts1KFC66VWYzHwQi
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1958131&page=-1

O JN não assinou como “Lusa” a reportagem que escrevi, coisa que, aliás, já vem sendo habitual. Talvez seja assunto para aqui falar/escrever um dia destes.

MDM

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Abaixo o acordo!

Ora bem, hoje tive a chata, mas já expectável, notícia na redacção que íamos adoPtar o novo acordo ortográfico para o site do programa, que é a parte escrita mais vísivel aqui do sítio.

Embora já estivesse à espera, visto haver um prazo para se tornar regra geral, desejei, aqui para mim, que isso ainda demorasse muito tempo. Não por querer ficar agarrada ao passado ou por ser saudosista (que sou), mas porque NÃO CONCORDO! Não concordo, nem irei concordar tão cedo...provavelmente até me habituar (o que vai demorar 7 vidas). Que sentido tem tirar os P's e os C's do meio das palavras? E os hífens? Para além de confuso fica feio e sinto-me abrasileirada no meu próprio país.

Sem contar que o meu Word também não está para essas brincadeiras e se me aventurar a ser moderninha com ele, manda-me uns riscos vermelhos nas palavras, o que me enerva como se não houvesse amanhã e isto assim não há condições para trabalhar...

Tenho amigas que, por trabalharam em imprensa, já tiveram que o adoPtar há muito tempo e estão tão habituadas que até sms conforme o acordo, mandam. Detesto.

Mas vá...o que se pode fazer? Aceitar, é o que me resta. Aqui já se imprimiu um documento de várias páginas com as regras...mas eu recuso-me a pegar nele. Até daqui a uns dias, pois a partir de 1 de Outubro tenho que ter as novas regras de escrita decoradas e infiltradas em mim e no meu cérebro jornalístico. E chateia-me.

Afinal isto serve para quê? Para facilitar a vida de quem sempre teve dúvidas se punha um P antes do T aqui, um acento ali ou um hífen acolá? Haja paciência...ou "passienssia"...eu sei lá o que lhes passa pela cabeça...


SB