terça-feira, 16 de agosto de 2011

Chamam-lhe sorte

Sorte. O dicionário diz que é a combinação de circunstâncias ou acontecimentos que influem de forma inelutável.
A sorte, aquela estrelinha que todos temos. Uns apercebem-se, outros não. Aparece várias vezes, sem que a contabilizemos ou a memorizemos e, por isso, às vezes passa despercebida.
Em algum momento na vida já dissemos “que sorte”, “que sortuda”, acompanhada de uma expressão de alívio ou de felicidade, seja em situações banais ou em momentos decisivos.
A culpa nunca morre solteira, então e a sorte vem sempre sozinha? Quero com isto dizer o seguinte: a sorte é apenas sorte ou não existe sem uma participação nossa?
Bem, vou recuar cerca de dois anos, para a altura em que comecei a trabalhar.
Terminei o curso em setembro de 2008. Lembro-me do dia em que apresentei a minha tese de licenciatura, do momento em que recebi a nota e do dia seguinte, em que pensei, então e agora, o que é que eu faço?
Não me dei tempo para férias. Pus mãos à obra, que é como quem diz, fazer o currículo e mandar para tudo quanto era órgão de comunicação social.
SIC, RTP, Media Capital, agência Lusa, Expresso, grupo Impala, etc. A todos os recursos humanos lá deve ter chegado a minha carta de apresentação e o currículo em anexo.
O “carga de trabalhos” já fazia parte da minha rotina cibernáutica e cheguei a candidatar-me a propostas de trabalho em Madrid.
Apenas a SIC respondeu, educadamente, a dizer que não precisavam de ninguém.
Dias depois telefonaram-me da agência Lusa a perguntar se estava interessada num estágio, de 3 meses não remunerado, apenas com subsídio de alimentação e transportes.
O “sim” foi imediato. Segunda-feira seguinte, em janeiro, lá estava eu, mais cerca de dez colegas, maioria de Lisboa, mais alguns do Porto e Aveiro.
Primeira semana foi de conhecimento. O editor de cada secção falou-nos do trabalho de cada área. O diretor deu-nos as boas vindas com um sabor amargo já que garantiu que “ninguém fica empregado na Lusa diretamente depois do estágio”.
Indecisa entre a editoria de Desporto, Política e País, comecei por excluir o Desporto [deixei que dois colegas disputassem o cargo], depois a Política [só havia uma vaga e outra colega fazia mesmo questão] e lutei por um lugar no País. Havia duas vagas e três candidatos. Tirámos à sorte com bilhetes com os nossos nomes. Um dos escolhidos foi o meu.
A cerca de um mês de terminar o estágio começou a chegar-me aos ouvidos elogios ao meu trabalho, palavras de motivação e outros tantos “talvez fiques”.
Pessimista por defeito, não liguei muito aos rumores, embora ficasse sempre aquele friozinho na barriga do “e se for verdade?”.
Não me encostei aos “ses” e continuei o meu trabalho, o melhor que pude, com mais rigor e mais exigente, por isso, a cada erro, cada crítica, a desilusão era maior.
No entanto, os tais rumores vieram a confirmar-se e a pouco tempo de terminar o estágio eis que surgiu a tão desejada proposta: “apareceu uma vaga na Linha e como moras em Cascais queremos que fiques a cobrir essa zona”.
Parece que ainda estou a sentir aquela excitação e ansiedade de começar, a 01 de maio de 2009.
Na altura chamaram-lhe sorte, e foi, mas quero em mim acreditar que a sorte fez-se acompanhar do meu trabalho, esforço e dedicação.
Ainda hoje estou na agência Lusa, mais atenta às notícias da Linha (Cascais e Oeiras). Trabalho para qualquer editoria, embora pertença à secção de País. Muitas vezes faço trabalhos em Lisboa e sou sujeita a piquetes da noite ou fins-de-semana, a qualquer hora. Quase não me nego a nenhum.
Consigo gerir o meu horário, não tenho de trabalhar das nove às cinco, posso propor reportagens, consigo escrever sem limite de palavras e enviar os textos em esplanadas ou em casa.
Chamam-lhe sorte. Eu também, mas acrescento e sem presunção: Sorte merecida.

MDM.

2 comentários:

  1. Sinto o mesmo. Acredito também que tive muita sorte, o tal "estar no lugar certo na hora certa" mas também acredito que a seguir ao empurrão da sorte vem o trabalho e a dedicação.

    (continuo é a ter muita inveja das esplanadas e do horário :P )

    *

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  2. Acredito fortemente em que não há coincidências e que às vezes estamos mesmo no sitio certo, à hora certa, como a C. disse! Comigo aconteceu isso e até hoje fico parva com a sorte que tive... Nunca desvalorizando que só o trabalho garante a continuidade.

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